sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Gandhi sobre a Palestina

A simpatia de Gandhi pelo povo Judeu, não o impediu de defender a necessidade de Justiça. O pedido por um lar nacional para os judeus não o convenceu, referindo:

Porque eles não fazem, como qualquer outro dos povos do planeta, que vivem no país onde nasceram e fizeram dele o seu lar? A Palestina pertence aos palestinianos, da mesma forma que a Inglaterra pertence aos ingleses, ou a França aos franceses. É errado e desumano impor os judeus aos árabes. O que está acontecendo na Palestina não é justificável por nenhuma moralidade ou código de ética. Os mandatos não têm valor. Certamente, seria um crime contra a humanidade reduzir o orgulho árabe para que a Palestina fosse entregue aos judeus parcialmente ou totalmente como o lar nacional judaico.”

Para Gandhi o caminho mais nobre seria insistir num tratamento justo para os judeus em qualquer parte do mundo em que eles nascessem ou vivessem. Os judeus nascidos na França são franceses, da mesma forma que os cristãos nascidos na França são franceses. Manifestando:

Se os judeus não têm um lar senão a Palestina, eles apreciariam a ideia de serem forçados a deixar as outras partes do mundo onde estão assentados? Ou eles querem um lar duplo onde possam ficar à vontade?”

Gandhi não teve dúvidas em afirmar que os judeus estão indo pelo caminho errado. A Palestina, na concepção bíblica, não é um tratado geográfico – ela está em seus corações. Mas se os judeus palestinianos olham a Palestina como sua pátria mãe, está errado aceitá-la sob a sombra do belicismo britânico. Um acto religioso não pode acontecer com a ajuda do soldado ou da bomba.
Eles poderiam estabelecer-se na Palestina somente pela boa vontade dos palestinos – convencendo o coração palestino. O mesmo Deus que rege o coração árabe, rege o coração judeu. Só assim eles teriam a opinião mundial favorável às suas aspirações religiosas. Há centenas de caminhos para uma solução com os árabes, se descartarem a ajuda dos soldados americanos. Os judeus são responsáveis e cúmplices com outros países, em arruinar um povo que não lhes fez nada de mal. "

Ainda citando Gandhi:

“Eu não estou defendendo as reacções dos palestinos. Eu desejaria que tivessem escolhido o caminho da não-violência a resistir ao que eles, correctamente, consideraram como invasão de seu país por estrangeiros. Porém, de acordo com os cânones aceitos de certo e errado, nada pode ser dito contra a resistência árabe face aos esmagadores acontecimentos.”

“Deixemos os judeus, que clamam serem os Escolhidos por Deus, provar o seu título escolhendo o caminho da não-violência para reclamar a sua posição na Terra. Todos os países são o lar deles, incluindo a Palestina, não por agressão mas por culto ao amor.
Um amigo judeu me mandou um livro chamado A contribuição judaica para a civilização, de Cecil Roth. O livro nos dá uma ideia do que os judeus fizeram para enriquecer a literatura, a arte, a música, o drama, a ciência, a medicina, a agricultura etc., no mundo. Determinada a vontade, os judeus podem se recusar a serem tratados como os párias do Ocidente, de serem desprezados ou tratados com condescendência. Eles podiam chamar a atenção e o respeito do mundo por serem a criação escolhida de Deus, em vez de se afundarem naquela brutalidade sem limites. Eles podiam somar às suas várias contribuições, a contribuição da acção da não-violência.”

(Bibliografia: Harijan, 26 de novembro de 1938, In M.K.Gandhi, My Non-Violence, Editado por Sailesh K. Bandopadhaya, Navajivan Publishing House Ahmedabad, 1960)

Holocausto dos tempos modernos

"O genocídio que atinge o povo da Palestina será recordado pelo tempo adiante como uma mancha repugnante na historia da humanidade. Menos transparente é outra realidade. A criação do Estado de Israel, responsável por esta tragédia , assenta sobre mitos que deturpam a historia. A acumulação e difusão desses mitos está na origem de situações, actos políticos e crimes que tornaram possível a repetição no inicio do século XXI de uma monstruosidade civilizacional. Apoiado pelos EUA, o Estado construído por vitimas do holocausto nazi concebe e executa um moderno holocausto. Nem a imaginação de um Sófocles ou de um Shakespeare concebeu tragédia comparável à que se abateu sobre as cidades e aldeias dos territórios governados pela Autoridade Nacional Palestiniana. Os bombardeamentos diários de áreas urbanas e rurais, a destruição das estruturas básicas da sociedade, como escolas, hospitais, edifícios administrativos, estabelecimentos comerciais, serviços de luz, água e comunicações, o assassínio de mulheres e crianças, o cerco à sede de Yasser Arafat em Ramallah, e chacinas colectivas como a de Jenin - serão pelo tempo afora recordados como exemplos da barbárie de um estado confessional responsável por uma das páginas mais repugnantes da história da humanidade. Na base delas está o mito básico, o mais trabalhado de todos, aquele que desencadeou o movimento do regresso dos judeus à "Terra Santa dos antepassados". E que aconteceu? Os israelenses ocuparam 75% do território, inviabilizando a criação do Estado Palestino. Quando a ONU tentou fiscalizar o cessar fogo, o bando terrorista Stern assassinou em Jerusalém o conde Bernardotte, secretario geral da organização. Em tempo brevíssimo 400 mil palestinianos foram expulsos das suas terras. Quase 500 aldeias foram arrasadas numa orgia de barbárie. Em poucas horas a Irgun massacrou 254 palestinianos na aldeia de Deir Yassin. Aterrorizar as populações, esvaziar a Palestina de árabes era o objectivo dessas acções de terror. Mais tarde, Menahem Beguin, que foi primeiro ministro, comentou assim a chacina por ele comandada: "O massacre não somente se justificou como o Estado de Israel não existiria sem essa vitoria". Sob essa apologia do genocídio transparece a política que Yossef Weitz, dirigente do Fundo Nacional Judaico, ondenou numa sentença monstruosa: "Entre nós deve ficar claro que não existe espaço para dois povos neste país(...) não ha outro caminho que não seja a transferencia dos árabes para os países vizinhos, a mudança de todos eles; nenhum deles, nenhuma tribo deve permanecer aqui. Três guerras com estados vizinhos irromperam desde a criação de Israel. Uma Resolução das Nações Unidas, entre todas famosa, a 242, de 22 de Novembro de 1967, intimou Israel a devolver os territórios ocupados pela força das armas. Outra, fundamental também, determinou o regresso dos refugiados aos lugares de onde haviam sido expulsos pelo exercito de Israel. A posição israelense sobre essas questões cruciais encontramo-la condensada num cínico comentário de Golda Meier: "Como vamos devolver os territórios ocupados? Não existe ninguém a quem devolver algo. Essa coisa a que chamam palestinianos não existe"." (in http://terrornapalestina.home.sapo.pt/genocidio.htm)